O TEMPO DA PALMATÓRIA
O tempo da palmatória, não era aquele tempo de carrancismo, nem de crueldade como dizem os desobedientes de hoje; alí, era o tempo da disciplna, da ordem e do respeito; quando todos aprendiam fàcilmente, e mais fàcilmente se respeitavam uns aos outros. Quando racionalmente era usada a palmatória, crianças indisciplinadas entravam na ordem, obedeciam e se esforçavam para aprender, sem levar apenas um bolo.
Os homens por mais rudes que fossem, eram mais homens, mesmo que fossem castigados não choravam; e as mulheres para não sofrerem vexames perante os meninos, tornavam-se mais inteligentes e habilidosas no que faziam. Ninguém era santo, mas também ninguém brigava em sala de aula. Acertos de conta, sempre eram feitos pelo meio dos caminhos de volta.
Se algum brigão tivesse que tentar alguma desfórra, tinha que se comportar como bom menino, até chegar à beira do riacho ( que o apelidamos de ) Ipiranga, para poder iniciar o seu duelo... Cujo baixío, nem chegava ser um riacho exatamente, era um córrego periódico, e estava sempre vazio; mas, os arbustos das suas margens, estavam sempre verdejantes.
Os canapuns, as berdoéguas e os muçambês, quantas vezes não tingiram de verde, as fardas que eram azúis e brancas. O nosso bom professor, Nelson Luiz Pereira Souza, (poeta popular da aldeia - interior maranhense) e nossos pais, jamais poderiam nem sequer sonharem com esse local de acertos, aonde todas as decisões de lutas deveriam ser tomadas.
O meio dessa estradinha de barro era deserto, mas tudo que acontecia alí, tinha que ficar alí mesmo; porque se alguém enredasse para algum dos pais, ou para o professor, se por acaso já tivesse apanhado, no dia seguinte - novamente apanharia, salvo se fosse forte e virasse o jogo.