OS PADRES DA IGREJA
Padres gregos famosos incluem: Irineu de Lyon, Clemente de Alexandria,
Atanásio de Alexandria, João Crisóstomo, Cirilo de Alexandria e os Padres ou
Pais da Capadócia Basílio de Cesareia, Gregório Nazianzeno, Pedro de Sebaste e
Gregório de Níssa), e Máximo, o Confessor.
Geralmente, são agrupados
segundo sua procedência. Padres latinos e Padres gregos, e segundo a época em que viveram, em três grandes grupos: os que viveram entre as primeiras comunidades cristãs, até o ano de
313, a seguinte geração; até a metade do
século V, e os que viveram posteriormente, até o século VIII.
Quem são
os Padres da Igreja? Por que são chamados assim? Por que a Igreja dá tanta
importância à sua vida e obra, se eles viveram há tantos séculos, quando o
contexto era muito diferente do de hoje? (Dúvidas, e perguntas de muitos).
Santos
dos primeiros séculos que, com sua fé e seus ensinamentos, deram forma à
Igreja.
Eminentes
cristãos que, com sua fé e seus ensinamentos, geraram e formaram a Igreja
durante os primeiros séculos. Hoje, permanecem como bússola segura e fonte
generosa para os católicos e demais cristãos.
Os Padres
da Igreja são grandes cristãos dos oito primeiros séculos depois de
Cristo, que se distinguem pelos seus ensinamentos, coerentes com a sua vida,
que contribuíram para a edificação da Igreja em suas estruturas primordiais.
Foi
um numeroso e distinto grupo de verdadeiros pastores que conduziram fielmente
os cristãos dos primeiros séculos com a força da sua palavra e da sua vida de
fé, consequente muitas vezes até uma morte heroica: papas como Clemente Romano,
quem, segundo o testemunho de Irineu, conheceu e conviveu com os apóstolos
Pedro e Paulo, teólogos como o Doutor da Igreja João Damasceno, monges eremitas
como Basílio Magno, que depois foi bispo, místicos como Agostinho de Hipona,
mártires como Justino e muitos outros homens cuja doutrina ortodoxa e vida santa
foram reconhecidas pela Igreja; santos que irradiavam Cristo e impulsionavam a
segui-lo – e que continuam fazendo-o ainda hoje.
“Padres
da Igreja são chamados com razão aqueles santos que, com a força da
fé, a profundidade e riqueza dos seus ensinamentos, durante os primeiros
séculos a geraram e formaram”, escreve o Beato João Paulo II na carta
apostólica Patres ecclesiae, publicada em 1980, por ocasião do 16º
centenário da morte de São Basílio.
Eles
foram para o desenvolvimento da Igreja o que os apóstolos
foram para o seu nascimento. Deram forma às instituições da Igreja, à sua
doutrina, sua liturgia, sua oração, sua espiritualidade. Estabeleceram o “Cânon
completo dos livros sagrados”, compuseram as profissões básicas da fé,
precisaram o depósito da fé em confrontações com as heresias e a cultura da
época (dando origem, assim, à teologia), colocaram as bases da disciplina
canônica e criaram as primeiras formas da liturgia.
Segundo
o papa polonês, “Na verdade; foram 'padres' ou pais da Igreja porque deles,
mediante o Evangelho, recebeu ela a vida. E também seus construtores, porque
deles – sobre o fundamento único colocado pelos Apóstolos, que é Cristo – a
Igreja de Deus foi edificada nas suas estruturas fundamentais”.
Nos
elementos de consenso entre eles, são reconhecidos como intérpretes
fidelíssimos da doutrina que Jesus Cristo pregou.
Geralmente, são
agrupados segundo sua procedência (Padres latinos e Padres gregos) e
segundo a época em que viveram, em três grandes grupos: os que viveram entre as
primeiras comunidades cristãs (até o ano de 313), a seguinte geração (até a
metade do século V) e os que viveram posteriormente (até o século VIII).
Os
que pertencem à primeira e segunda geração da Igreja, depois dos apóstolos,
recebem o nome de Padres apostólicos e mostram como começa o caminho da Igreja
na história. Seus escritos refletem diretamente o ensinamento dos apóstolos,
como se vê, por exemplo, neste fragmento da carta aos coríntios escrita pelo
terceiro sucessor de Pedro, Clemente de Roma: “Unamo-nos, pois, àqueles a quem
foi dada a graça da parte de Deus; revistamo-nos de concórdia, mantendo-nos no
espírito de humildade e continência, afastados de toda murmuração e calúnia,
justificados pelas nossas obras e não pelas nossas palavras”.
Nesta primeira
fase, vivem também os Padres apologistas gregos e os mestres da Escola de
Alexandria. Entre outros, podemos citar Inácio de Antioquia, Policarpo de
Esmirna, Justino Mártir, Irineu de Lyon, Tertuliano, Cipriano de Cartago,
Clemente de Alexandria e Orígenes.
A segunda
fase se desenvolve entre o Concílio de Niceia (325) e o de Calcedônia
(451) e é considerada o século de ouro dos Padres da Igreja. No século IV, com
a chegada da paz à Igreja dentro do império romano, cresceu muito o número de
cristãos, mas adquiriram força as discrepâncias internas e heresias. Diante
delas, muitos Padres da Igreja fizeram valiosas defesas da fé cristã e
esclareceram os dogmas trinitários e cristológicos.
No
segundo grupo estão, entre outros, Agostinho de Hipona, Hipólito, Gregório
Taumaturgo, Júlio o Africano, Dionísio o Grande, Atanásio, Teodoro da Síria,
João Crisóstomo, Gregório de Nissa e Jerônimo. Algumas das suas obras se
tornaram textos de referência, não somente para os cristãos de qualquer época,
mas também para a história da filosofia e a literatura. Milhões de pessoas se
identificaram com a admiração de Santo Agostinho diante da grandeza do amor de
Deus, ao ler palavras suas como estas: “Chamaste-me, clamaste, quebrantaste
a minha surdez; brilhaste e resplandeceste e me curaste a cegueira; exalaste o
teu perfume e eu o aspirei, e então te anseio; eu te provei, e agora sinto fome
e sede de ti; tu me tocaste, e desejei com ânsia a paz que procede de ti”.
Finalmente,
os Padres do terceiro grupo vivem o desmoronamento político da
metade ocidental del império romano e a irrupção do islã. Alguns escritores
aplicam a doutrina dos grandes Padres anteriores a novas realidades, como a
entrada dos povos de origem germânica na atual Europa.
Neste
grupo se encontram, entre outros, Gregório Magno, Fulgêncio, Máximo de Turim,
Boécio, Casiodoro, Vicente de Lerins, Martinho de Braga, Ildefonso de Toledo e
Isidoro de Sevilha, no Ocidente; e Pseudo-Dionísio Areopagita, Romano o Cantor,
Máximo o Confessor, Severo de Antioquia, André de Creta, Germano de
Constantinopla, Mesrop, Tiago de Sarug e João Damasceno, no Oriente. Este
último motivava seus fiéis com estas palavras: “Ele mesmo, o Criador e Senhor,
lutou pela sua criatura, transmitindo-lhe seu ensinamento por meio do seu
exemplo. (…) Assim, o Filho de Deus, ainda subsistindo na forma de Deus, desceu
dos céus (…) até os seus servos (…), realizando a realidade mais nova de todas,
a única coisa verdadeiramente nova sob o sol, por meio da qual se manifestou,
de fato, o poder infinito de Deus”.
Como
no começo, a Igreja continua vivendo com a vida recebida destes Padres e
continua se edificando sobre as estruturas formadas por eles. Hoje, continua
sendo indispensável conhecer suas vidas e obras.
Eles
foram e sempre serão os Padres da Igreja; possuem algo de especial,
de irrepetível e de perenemente válido, que continua vivo. Como reconhece João
Paulo II, na carta apostólica Patres ecclesiae, “em favor da Igreja
de todos os séculos, exercem uma função perene. De maneira que todo o anúncio e
magistério seguinte, se quer ser autêntico, deve pôr-se em confronto com o
anúncio e o magistério deles; todo o carisma e todo o ministério deve beber na
fonte vital da paternidade deles; e toda a pedra nova, acrescentada ao edifício
santo que todos os dias cresce e se amplifica, deve colocar-se nas estruturas
já por eles postas e a elas soldar-se e ligar-se”. Por isso, a Igreja
nunca deixa de voltar aos escritos destes Padres e de renovar continuamente a
lembrança deles.
O pensamento
dos Padres da Igreja, segundo destaca a “Instrução sobre o estudo dos
Padres da Igreja na Formação Sacerdotal”, da Congregação para a Educação
Católica, “é exemplo de uma teologia unificada, vivida e amadurecida em contato
com os problemas do ministério pastoral; é um ótimo modelo de catequese, fonte
para o conhecimento da Sagrada Escritura e da Tradição, assim como do homem
total e da verdadeira identidade cristã”.
O
documento vaticano destaca que os Padres são testemunhas privilegiadas da
Tradição, transmitem um método teológico luminoso e seguro, e seus escritos
oferecem uma riqueza cultural e apostólica que os torna grandes mestres da
Igreja de sempre.
No
entanto, acrescenta, “só manifestam suas riquezas doutrinais e espirituais aos
que se esforçam por penetrar em suas profundezas por meio de um contínuo e
assíduo trato familiar com eles”.
A
Igreja é consciente de que, para continuar crescendo, é “indispensável conhecer
a fundo sua doutrina e obra, que se distingue por ser, ao mesmo tempo, pastoral
e teológica, catequética e cultural, espiritual e social, de maneira
excelente”; e “é propriamente esta unidade orgânica dos vários aspectos da vida
e missão da Igreja que torna os Padres tão atuais e fecundos”.
Como
ensinava Irineu de Lyon no século II, “para ver claramente hoje, é preciso
interrogar a Tradição que vem dos apóstolos”.
Irmão
messias