terça-feira, 28 de abril de 2020


ÚLTIMA SÚPLICA DO SENHOR JESUS 

Com grande veneração, o Corpo de Cristo ora, louva ou canta, medita e silencia o que deve ser silenciado. Contemplem estas palavras, tão sublimes e sagradas de um homem que, com muita fadiga, mal conseguindo respirar, nos deixou como um legado de exemplo, e sacrifícios.
“Pai, perdoa-lhes porque eles não sabem o que fazem!”  Lucas 23,33-34.
Não é aos soldados que Jesus se refere. Eles estão preocupados em jogar os dados para ver qual deles ficará com a túnica. Apenas executam ordens!
Em plena missão, Jesus já nos orientava ao perdão: “Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem” Mateus 5,44-48.
Desde o seu nascimento, o Filho de Deus já incomodava, e Herodes buscava uma forma de matá-lo.

ÚLTIMA PROMESSA AINDA COM VIDA

“Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso!”  Lucas 23,39-43
Junto a Ele, mais dois condenados ao suplício. Um, que nada tem a perder, suspenso à cruz o recrimina dizendo: “ Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!”.
O outro, temente a Deus, que soube reconhecer no Cristo a sua natureza divina, disse a Jesus: “Lembra-te de mim quando estiveres no teu Reino!”
Acredito que todos nós gostaríamos de fazer parte de uma organização que fala e administra um reinado. É um desejo e uma aspiração humana a alcançar.
Jesus, iniciando a sua missão após o batismo no rio Jordão, irá concluí-la com o batismo do sofrimento no lenho da cruz. Hoje estarás comigo no paraíso.

DEUS DISSE À MARIA, PELA BOCA PRÓPRIO FILHO:

“Mulher, este é o teu filho, eis aqui a tua mãe!” João 19, 25-27.
Desde a apresentação do Menino Jesus no Templo, o ancião Simeão diz para a Virgem Maria que esteja preparada para o sofrimento que deveria enfrentar: “uma espada transpassará o teu coração”.

Ela não tinha noção de tão grande sofrimento que iria sofrer. Como boa mãe biológica e espiritual acompanhou o seu Filho sempre: no exílio, no Templo, em Nazaré, também durante a vida missionária terminando aos pés da cruz.
Disse Jesus: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que fazem a vontade do meu Pai”. Sem dúvida que Jesus cuidou da Virgem Maria, uma vez que São José faleceu e ela ficou viúva.

Mulheres junto a cruz: Virgem Maria, Verônica, Maria Madalena, Maria de Cleófas e  também o discípulo amado.  Todos acompanharam a via dolorosa de Jesus até o Gólgota, estando presente na hora da crucifixão para logo poderem socorrer, prestar um serviço no que fosse necessário.
Na cruz, Jesus pede ao discípulo para cuidar da sua mãe. “Eis aí a tua mãe. Mulher , eis aí o teu filho!!”.

ÚLTIMA EXCLAMAÇÃO DE JESUS CRISTO VISIVELMENTE NO MUNDO
“Eli, Eli, lammá sabactani! Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonaste? Mateus 27, 46 e Marcos 15,34.
A quarta feira da Semana Santa é conhecida como noite de trevas na tradição popular.
Quantas noites de agonia, de insônia, nós já passamos, quantos problemas já foram adiados… A angústia nos traz uma preocupação justa, humana, legítima. O clamor de desespero de um pai, uma mãe, um filho, um amigo, até de pessoas estranhas. Meu Deus, por que tem que ser assim? Será que o nosso sofrimento se iguala ao de Cristo? Não somos dignos de nos compararmos ao sofrimento do Senhor Jesus, mas completamos esta dor nas nossas vidas.
Na cruz, quase tudo  está consumado. Cristo pergunta ao Pai: por que me abandonastes?
A oração do Salmos 22, 1-3/17-22 nos lembra a oração de um inocente, de alguém que é tomado pela angústia, pelas injustiças. A nossa confiança, é que o bem sempre prevalecerá sobre o mal.
Na noite no Getsêmani – Lucas 22, 41-44.
“Pai, se quiseres afastas de mim esta taça…no entanto, não se faça a minha vontade, mas a tua”
Um anjo é que vem confortá-lo e assim Jesus  vai dar início a sua dolorosa paixão. Virá a prisão e será levado à casa do Sumo Sacerdote.
Isaías 53, 3-5 e 7: 3. Desprezado e rejeitado pelos homens, homem do sofrimento e experimentado na dor; como indivíduo de quem a gente esconde o rosto, ele era desprezado e nem tomamos conhecimento dele. 4. Todavia, eram as nossas doenças que ele carregava, eram as nossas dores que ele levava em suas costas. E nós achávamos que ele era um homem castigado, um homem ferido por Deus e humilhado. 5. Mas ele estava sendo transpassado por causa de nossas revoltas, esmagado por nossos crimes. Caiu sobre ele o castigo que nos deixaria quites; e por suas feridas é que veio a cura para nós. 7. Foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; tal como ovelha muda diante do tosquiador, ele não abriu a boca”.
“Houve trevas na face da terra por três horas”. Começa a agonia de Jesus. Ele sabe também que o fim já está chegando.
Começa uma luta entre a vida e a morte, sobretudo pela falta de ar, uma luta do corpo físico com o sofrimento.

ÚLTIMA EXCLAMAÇÃO COMO HOMEM DESTE MUNDO
“Tenho sede! João 19, 28-29
Depois, sabendo Jesus que tudo estava consumado, disse para que se cumprisse a Escritura: “Tenho sede!”.
É a segunda vez que Jesus pede água para beber. Na primeira vez devemos lembrar: Ele está sentado junto ao poço de Jacó ao meio dia (Jo 4, 6-7). Jesus pediu água a uma mulher samaritana. Mas Ele é judeu! Porém Ele diz para a mulher da Samaria: “Dá-me de beber, tenho sede”!
No processo do julgamento não deram nada para Ele se alimentar. Cansado, com fome, desidratado, exausto pelos maus tratos, tortura, zombarias, e o próprio peso da cruz.
Tenho sede!! A sede de Jesus é uma sede física.
Quando Nosso Senhor Jesus crucificado na cruz diz: tenho sede, devemos pensar que com todo peso do seu corpo, depois de ter perdido grande quantidade de sangue, sejam pelos açoites que levou na coluna ou com a coroa de espinhos, os vasos capilares perderam muito sangue. Como recita o Salmo 22, 16: “minha força secou como argila, e minha língua se cola ao paladar”.
Da forma que os crucificados eram torturados, com a perda de líquido e sangue, o corpo fica desidratado, a febre toma conta do organismo, os lábios e a boca secam.
A refeição do Senhor foi na noite anterior, na noite da Santa Ceia.
Chegando ao Gólgota, deram-lhe de beber vinho misturado com fel (o fel é uma bebida intragável). Ele, tendo-o provado, não quis beber. Mt 27, 33-34.
Porém na hora da agonia, bebeu vinagre . Jo 19, 28-30.
As três horas da tarde da Sexta feira Santa, pregado no lenho da cruz, Ele está incapacitado de poder beber, pois mãos e pés estão pregados e os braços atados!
O Salmo 69, 22, diz: “ Como alimento me deram fel e na minha sede me deram vinagre.”. Assim cumpriu-se a Escritura.
O soldado com uma esponja deu para Ele beber vinagre! Será que ele fez isso erradamente? Não, ele ajudou a diminuir a dor do seu sofrimento!

ÚLTIMA CONFIRMAÇÃO DO SEU LIMITE FÍSICO
Tudo está consumado! João 19,30
Quando Jesus bebeu o vinagre, disse: “Tudo está consumado” . João 19, 30.
Ele carregou sobre seus ombros o sofrimento e as tragédias dos homens.
A missão que o Pai lhe confiou chega ao seu término. João 17, 3-5 – “3. Ora, a vida eterna é esta: que eles conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e aquele que tu enviaste, Jesus Cristo. 4. Eu te glorifiquei na terra, completei a obra que me deste para fazer. 5. E agora, Pai, glorifica-me junto a ti, com a glória que eu tinha junto de ti antes que o mundo existisse”.
Não obstante, é bom lembrar quando ainda no Getsemani, Jesus externa a dificuldade de beber o cálice. Lucas 22, 42 – “Pai, se queres, afasta de mim este cálice. Contudo não se faça a minha vontade, mas a tua!”.
A oração no Monte das Oliveiras! Aconselhável ler o texto: Lucas 22, 39 – 46.
No momento da prisão, Pedro tem uma atitude de defesa a favor de seu Mestre. Jesus pede aos discípulos para não opor resistência. Diz para Pedro que o seu gesto de violência não irá empatar a missão que tem a concluir. João 18, 11-12: 11. Mas Jesus disse a Pedro: “Guarda a espada na bainha. Por acaso não vou beber o cálice que o Pai me deu? 12. Então a tropa, o comandante e os guardas das autoridades dos judeus prenderam e amarraram Jesus”.
João 16, 28 – “ Eu saí de junto do Pai e vim ao mundo; agora deixo o mundo e volto para o Pai”.
Cristo Jesus na imolação da sua vida na cruz, como o cordeiro vítima para o sacrifício,  oferece-se por amor pela humanidade inteira.
O profeta Isaías 53, 7- 8 disse: 7. “ Foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; tal como cordeiro, ele foi levado para o matadouro; como ovelha muda diante do tosquiador, ele não abriu a boca. 8. Foi preso, julgado injustamente; e quem se preocupou com a vida dele? Pois foi cortado da terra dos vivos e ferido de morte por causa da revolta do meu povo”.
A vítima foi o cordeiro de Deus, vítima inocente que carregou sobre si o pecado do mundo.
Podemos imaginar que após estas palavras: “tudo está consumado!”, tenham pensado as autoridades religiosas e os que assistiram a crucifixão, que tudo tinha acabado ali. Este homem não será mais um problema no meio de nós, tudo está terminado. Pode ser até um revanchismo. Ele não é mais o problema…Mas em Cristo Jesus esta sentença executada é uma vitória. Lucas 24, 44-48.

ÚLTIMO PEDIDO AO PAI COMO FILHO DO HOMEM
“Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito!”  Lucas 23, 46.
Mateus 11, 25-27: “Naquele tempo, Jesus disse: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos. 26. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 27. Meu Pai entregou tudo a mim. Ninguém conhece o Filho, a não ser o Pai, e ninguém conhece o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar”.
O Salmo 31, 1-6, nos diz:
2. Senhor, eu me abrigo em ti:
Que eu nunca fique envergonhado.
3. Inclina teus ouvidos para mim!
Vem depressa, libertar-me!
Sé para mim um rochedo forte,
Uma fortaleza que me salve;
4. Pois o meu rochedo e muralha és tu;
Guia-me por teu nome, conduze-me!
5. Tira-me da rede que armaram para mim,
Pois tu és a minha fortaleza.
6. Em tuas mãos entrego o meu espírito.
No Getsêmani, Nosso Senhor poderia ter evitado a prisão e ter agido como Filho de Deus, porém a hora do Senhor está chegando e foi nesta hora que ele foi levado como cordeiro ao matadouro.
Voluntariamente, agora, entrega sua vida ao Pai.
O sofrimento humano que passou no meio de nós já não será mais vivenciado por ele. Após sua morte Deus Pai o ressuscitou.
A morte de Cristo foi uma morte diferente. Muitos outros como Jesus Cristo foram crucificados. A sua morte é oblativa. É um ato de doação, é dar a vida.
Não é qualquer um que está doando sua vida. Considerando que existem muitos homens cristãos e mulheres cristãs que se doam em sacrifício pelo bem da humanidade, todos eles tem seus méritos.
Mas Cristo Jesus é o Filho de Deus, é uma pessoa divina que se entrega ao Pai pela salvação de muitos e como nos diz em Jo 10, 17-18:
17. O Pai me ama, porque eu dou a minha vida para retomá-la de novo. 18. Ninguém tira a minha vida; eu a dou livremente. Tenho poder de dar a vida e tenho poder de retomá-la. Esse é o mandamento que recebi do meu Pai”.
Quando Jesus morreu na cruz, o cosmo e a natureza reagiram: houve terremoto, o véu do Templo se rasgou em dois. Também houve um furacão e o céu, por um tempo, ficou negro de tantas nuvens acumuladas que logo desabaram em forte aguaceiro acompanhado de trovões e relâmpagos!
Deus Pai é o Pai de Jesus. Em Jesus todos nós somos irmãos, portanto temos o mesmo Pai. Que o Espírito de Deus nos ajude a por nossa vida nas mãos deste nosso Pai, e que durante esta quaresma possamos acompanhar a Nosso Senhor Jesus Cristo na sua via sacra, na via dolorosa da sua paixão.

Irmão messias