quinta-feira, 12 de maio de 2022

A ESSÊNCIA, A NATUREZA E A PERSONALIDADE DE DEUS

Para conhecer a introdução e explicação sobre esta série leia A Essência de Tudo: Introdução.

Nesta série, falamos das Pessoas de Deus — o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Discutiremos a sua natureza — um Deus nas três Pessoas. Na parte “Encarnação”, estudamos como o Filho —Jesus, o Cristo — se tornou carne, viveu, morreu e ressuscitou, tornando assim possível a nossa salvação.

Nesta seção — “A Natureza e a Personalidade de Deus” — veremos como Deus Se expressou para a humanidade, por meio da Sua criação e pela Sua Palavra — na Bíblia. Estudar a natureza e a personalidade de Deus nos dá maior entendimento de quem e que tipo de ser Deus é, como Ele é, o que confirma nossa fé e o porquê de confiarmos nEle, de O amarmos, louvarmos e Lhe obedecermos. Saber sobre a natureza e personalidade de Deus amplia nossa compreensão da Sua essência —pelo menos tanto quanto nós, criaturas limitadas, podemos compreender o Criador ilimitado.

Ao discutirmos os atributos da natureza e personalidade de Deus, é importante não esquecer que o que é dito sobre Deus vale para cada Pessoa, Tanto do Pai, do Filho, como do Espírito Santo; pois cada um, é uma porção do Próprio Deus, pela Unidade do Espírito. —Três Pessoas, mas um só Deus. Muito do que foi revelado sobre Sua natureza, personalidade e atributos encontra-se no Antigo Testamento. De um modo geral, essa parte da Bíblia fala de Deus como uma pessoa, não três, embora ainda em espírito, Ele dê o entender que não está só, quando Ele diz: em Gênesis 1; 26, Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança;
já que o conceito de Deus ser três pessoas, não foi totalmente revelado até os tempos do Novo Testamento. Dessa forma, as descrições da natureza e personalidade de Deus encontradas no Antigo Testamento, podem dar a impressão de que se referem apenas ao Deus Pai, quando, na verdade, diz respeito à natureza e personalidade das três pessoas, em apenas uma. O Pai em Espírito, se Fez Verbo e desceu sobre a Virgem e se fez carne e habitou entre nós. Predestinado ao resgate de muitos.  

Deus, o Criador

Um bom ponto de partida para discutirmos o essência de Deus —Suas propriedades, características, atributos e tudo mais que O torna Deus— é a criação do Universo. Nosso conhecimento de Deus se baseia no fato de que Ele criou todas as coisas: o tempo, o Universo, o mundo físico, toda a matéria, todos os seres vivos, assim como o mundo do espírito e seus habitantes. Portanto, Ele Se revelou à humanidade, de uma forma geral, pela Sua criação, o que se conhece por revelação geral, e, mais especificamente, pela Bíblia, o que se conhece por revelação especial.

A Bíblia ensina que Deus criou o Universo ex nihilo, expressão em latim que significa do nada. Antes que o Universo existisse, antes de haver tempo ou matéria, Deus já existia na eternidade. Toda e qualquer coisa que existe — física ou espiritual — foi criada por Ele.

Há muita discussão e debate em torno da criação do Universo, do mundo e dos seres vivos. Aí está incluída a controvérsia sobre como a vida na Terra se originou e como os seres humanos surgiram. É um tópico muito estudado e discutido na comunidade científica e tema de debate para ateus e cristãos. E muitos teólogos cristãos, apologistas, filósofos e cientistas têm visões diferentes, com base na maneira como interpretam as Escrituras e/ou em como entendem que o relato da criação no Livro de Gênesis deveria ser lido e entendido. Muitos livros e estudos foram publicados sobre o assunto, o qual espero discutir em mais detalhes no futuro.

Mesmo que esta série de ensaios não trate com as questões relacionadas à Criação, a doutrina cristã tipicamente aceita é que Deus sempre existiu, que criou o Universo e tudo que existe do nada. Essa afirmação básica não trata de como ou quando Ele criou o Universo, o mundo e todos os seres vivos, tanto físicos quanto espirituais; somente que Ele os criou.

A seguir, encontram-se alguns versículos sobre a criação do mundo por Deus.

No princípio criou Deus os Céus e a Terra.

Pela palavra do Senhor foram feitos os Céus, e todo o Exército d’Ele, pelo sopro da Sua boca. Pois Ele falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu. Lembrem-se: Ele não estava só. E não esqueçam que o Seu Filho é o Verbo que se carne.

Porque o Senhor é o grande Deus, e grande Rei acima de todos os deuses. Nas Suas mãos estão as profundezas da Terra, e as alturas dos montes são Suas. Seu é o mar, pois Ele o fez, e as Suas mãos formaram a terra seca. Oh, vinde, adoremos e prostremo-nos, ajoelhemos diante do Senhor que nos criou!

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio d’Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez.

Só Tu és Senhor. Fizeste o céu, o céu dos céus, e todo o seu exército, a terra e tudo o que nela há, os mares e tudo o que neles há. Tu os conservas com vida a todos, e o Exército dos céus Te adora.

Eu fiz a terra, e criei nela o homem. As Minhas mãos estenderam os céus, e a todos os seus exércitos dei as Minhas ordens.

Digno és, Senhor nosso e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, pois Tu criaste todas as coisas, e por Tua vontade existem e foram criadas.

A essência do entendimento cristão de Deus está fundamentada no ensinamento bíblico de que Ele é o Criador de todas as coisas, e do entendimento do Seu papel, enquanto Criador, e do nosso, enquanto seres por Ele criados. No mundo atual, muitas vezes, não é muito popular, chegando a ser ofensiva para alguns, a noção de que somos criaturas – seres criados. Mas se Deus  criou todas as coisas,  e tudo é uma criação de Deus e, portanto, somos criaturas. Conforme nos aprofundarmos no estudo sobre a natureza de Deus, a importância da distinção entre Criador e criatura se tornará mais clara.

Nosso Conhecimento de Deus é Incompleto

Antes de nos aprofundarmos no estudo sobre a natureza, essência, personalidade e atributos de Deus, é importante entender que jamais saberemos tudo a Seu respeito. Somos seres limitados e limitados em nosso conhecimento, enquanto Deus é um ser infinito e ilimitado em conhecimento. Essa é uma diferença que jamais será eliminada. A doutrina cristã ensina que Deus é incompreensível, o que significa que Ele “não pode ser entendido plenamente.” Isso não significa que Ele não possa ser compreendido, mas que não é possível entendê-lo completamente.

Grande é o nosso Senhor, e de grande poder; o Seu entendimento não tem limite.

Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os Seus juízos, e quão inescrutáveis os Seus caminhos!

Grande é o Senhor, e muito digno de louvor; a Sua grandeza é insondável.

Grande é o nosso Senhor, e de grande poder; o Seu entendimento não tem limite.

Assim como os Céus são mais altos do que a Terra, assim são os Meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os Meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.

E isto são apenas as orlas dos Seus caminhos; quão pouco é o que temos ouvido d’Ele! Quem, pois, entenderia o trovão do Seu poder?

Alcançarás os caminhos de Deus? Chegarás à perfeição do Todo-poderoso? Como as alturas dos céus é a Sua sabedoria; que poderás tu fazer? Mais profunda é ela do que o Inferno; que poderás tu saber? Mais comprida é a Sua medida do que a terra, e mais larga do que o mar.

A voz de Deus troveja maravilhosamente; faz grandes coisas que nós não compreendemos.

Apesar de que jamais entenderemos tudo a respeito de Deus, podemos saber coisas sobre Ele que Ele mesmo revelou. Algumas sabemos em termos gerais, pelo mundo à nossa volta —Sua criação. Outras aprendemos mais especificamente, pelo principal veículo pelo qual Se revela à humanidade —a Bíblia. Em suas páginas lemos o que Deus disse à humanidade sobre Ele próprio e o que disse sobre Si é verdadeiro. Não nos contou tudo a Seu respeito, de forma que ninguém pode entender plenamente tudo sobre Ele. Muito do que nos mostrou é misterioso e difícil de se entender totalmente.

Um mistério na teologia é o fato divino sobre o qual podemos afirmar com absoluta confiança de que é porque a Bíblia assim ensina, mas não podemos nem mesmo começar a entender como é ou como pode ser.

Assim sendo, algumas coisas sobre Deus são misteriosas, mas o que Ele disse por meio da Sua criação e da Sua Palavra é o que revelou a Seu respeito para a humanidade. Essas revelações nos dizem muito sobre Ele e o que nos ensinam nos fazem amá-Lo, louvá-Lo e confiar n’Ele.

Conhecer Deus

Mesmo que Deus tenha Se revelado à humanidade pelas revelações geral e especial, e é  pela Sua Palavra que podemos entender Sua dádiva de salvação, podemos, enquanto cristãos, construir nosso entendimento d’Ele e dos Seus caminhos pelo relacionamento pessoal que temos com Ele. O Espírito Santo habita em nós. Conhecemos Jesus e assim conhecemos o Pai. Como amamos Jesus Cristo, somos amados pelo Pai, e Jesus Cristo se manifesta a nós. A Bíblia nos revelou Deus, a salvação nos tornou Seus filhos e isso nos dá a oportunidade de conhecê-Lo pessoalmente.

Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que esteja convosco para sempre, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece. Mas vós O conheceis, pois habita convosco, e estará em vós.

Disse-lhe Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta.” Respondeu-lhe Jesus: “Há tanto tempo estou convosco e não Me conheces, Filipe? Quem Me vê, vê o Pai. Como dizes tu: Mostra-nos ó Pai?”

Se vós Me conhecêsseis, também conheceríeis a Meu Pai.

Aquele que tem os Meus mandamentos e os guarda, esse é o que Me ama. E quem Me ama será amado de Meu Pai, e Eu também o amarei e Me manifestarei a ele.

A todos os que O receberam, àqueles que crêem no Seu nome, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus.

Nos próximos ensaios, trataremos de vários atributos específicos de Deus, tais como Sua santidademisericórdiajustiçaonipotênciaonisciência e eternidade.

Alguns aspectos da natureza, essência e personalidade de Deus nós, humanos criados à Sua imagem, também temos, de forma limitada. Outros nos são totalmente estranhos. Podemos, por exemplo, ser santos, misericordiosos, justos, amorosos e bondosos —coisas que Deus também é. Todavia, Ele é infinitamente santo, misericordioso e amoroso. Ele não apenas tem esses atributos, Ele é esses atributos, sem nenhuma limitação. Como fomos criados à Sua imagem, podemos ter uma quantidade módica dessas qualidades, as quais Deus tem em quantidades imensuráveis. Muitos teólogos afirmam que o que Deus faz, Ele é. Ele não apenas ama; Ele é o amor. Ele não apenas é justo; Ele é a justiça, a sabedoria, a misericórdia, etc.

Oro que o estudo da natureza e da personalidade de Deus crie em você uma percepção mais profunda do nosso infinitamente maravilhoso Deus.

 

Irmão messias

POLÍTICA BRASIL

Quando foi que se perdeu o respeito pela Justiça no Brasil?

Para muitos, a Justiça brasileira morreu quando o STF se recusou a julgar o mérito do impeachment de Dilma e nada foi feito contra as bravatas do então deputado Bolsonaro, plantando a semente de ameaças às instituições

As instituições não reagiram às injúrias e bravatas de Bolsonaro e agora serão desafiadas repetidamente por pessoas como o deputado Daniel Silveira, que provoca as autoridades sem medo de consequências

"Na Justiça, no Senado, bravata pra todo lado, ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da nação..."

Duvidar do processo eleitoral sem apresentar ou ter provas de falhas é brincar com fogo. E parece que há muita gente querendo botar fogo nas instituições. Estão buscando o caos para quê? São anarquistas raiz vestidos de direitistas "Nutella"?

Apesar de até agora não haver evidências, Jair Messias Bolsonaro fala há anos sobre supostas falhas nas urnas eletrônicas brasileiras, sem nunca apresentar provas. Ao questionar o processo eleitoral, o presidente brinca com a ameaça de um golpe, seguindo os roteiros escritos por seu ídolo Donald Trump.

Nos últimos dias, viu-se uma troca de notas entre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e as Forças Armadas, com os militares usando argumentos e premissas que não correspondem aos fatos. Eles falaram numa suposta "sala escura" onde os votos seriam apurados e pediram uma contagem paralela dos votos controlada pelas Forças Armadas, algo que foi defendido por Bolsonaro.

Tudo isso foi muito longe, longe demais, até o TSE decidir dar um basta no começo desta semana. Um basta que veio tarde, pois, quando pessoas respeitadas como os militares começam a levantar dúvidas sobre o processo eleitoral, corroem a democracia brasileira e suas instituições – que são difíceis de construir, mas fáceis de danificar.

Nos Estados Unidos, as Forças Armadas deixaram claro que não fariam parte de um eventual golpe de Trump depois das eleições. Os militares americanos conhecem o próprio papel, as próprias limitações e atribuições, o seu lugar. Não sonham com aventuras autocratas. Tudo isso são fatores que, com certeza, contribuíram para que a transição do poder para Joe Biden se concretizasse. É importante ter adultos em casa quando as crianças brincam com palitos de fósforo.

Semente das ameaças

Mas, afinal, quando foi que a Justiça brasileira começou a ser colocada contra a parede?

Lembro-me dos processos do Mensalão, com brigas e bate-bocas homéricos entre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), tudo transmitido ao vivo pela televisão. E com ministros trocando acusações até em entrevistas e nas redes sociais. O mesmo se repetiu nos processos do Petrolão. Na época, muita gente achou ótimo transmitir tudo isso ao vivo, como uma lição educativa para o público.

Aí veio o impeachment de Dilma Rousseff. Que pode até ter seguido as regras do jogo ao pé da letra constitucional. Mas que foi marcado pela rejeição do STF em julgar o mérito do impeachment. Para muitos, a Justiça brasileira morreu aí.

Somam-se a isso as palavras de Bolsonaro na votação do impeachment na Câmara, no dia 17 de abril de 2016: "Pela memória do Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff!"

Não houve quebra de decoro parlamentar? Nada aconteceu. Bolsonaro recebeu carta branca para suas injúrias e bravatas. E aí foi plantada a semente das ameaças ao Judiciário e às instituições.

As instituições não reagiram e agora serão desafiadas repetidamente por pessoas como o deputado Daniel Silveira, que provoca as autoridades sem medo de consequências. Perdeu-se o respeito e o medo da Justiça. E, com isso, há cada vez mais sapos a serem engolidos.

E agora? Como consertar?

....

Thomas Milz saiu da casa de seus pais protestantes há quase 20 anos e se mudou para o país mais católico do mundo. Tem mestrado em Ciências Políticas e História da América Latina e, há 15 anos, trabalha como jornalista e fotógrafo para veículos como a agência de notícias KNA e o jornal Neue Zürcher Zeitung. É pai de uma menina nascida em 2012 em Salvador. Depois de uma década em São Paulo, mora no Rio de Janeiro há quatro anos.

O texto reflete a opinião do autor, não necessariamente a da DW.

Irmão messias