AS ORIGENS DO PÓSTOLO
PAULO
“Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de
Cristo” (3.7).
Verdade Aplicada: É fato inegável que a linhagem, o
lugar de nascimento e a cultura de Saulo de Tarso contribuíram decisivamente
para que o Evangelho fosse divulgado em todo mundo antigo.
Objetivos:
Entender o valor
representativo das origens de Paulo em sua visão religiosa judaica.
Mostrar como as
raízes de Paulo colaboraram positivamente após sua conversão e através de sua
pregação.
Reconhecer que Deus
se utiliza tanto de nossas origens quanto do que somos, para realização da sua
obra.
1
Referência: Fp 3.4-6,8
Para compreender as origens de Paulo
– aquele que se tornou o Apóstolo dos Gentios, o primeiro bandeirante do
Evangelho ao lado de Barnabé – exige-se esforço e horas a fio, de leitura e
investigação. Ao longo deste TEMPO, buscaremos ler e entender sobre ele cujo
labor missionário, obra social e trabalho doutrinário que o ajudaram e o
fizeram repercutir, através dos séculos, resultados incontestáveis acerca da fé
cristã.
O
nome de Paulo aparece pela primeira vez nas Escrituras em Atos 7.58 por ocasião
do apedrejamento de Estevão. Por esta ocasião seu nome é mencionado nas
Escrituras como Saulo, sendo ele um ferrenho perseguidor da igreja.
O texto de Atos 9
registra a conversão de Saulo no caminho para Damasco, quando então, o Senhor
revela seu propósito em relação ao ministério de Paulo e é este propósito que
faz de Paulo um bandeirante do Evangelho. Depois de sua conversão, Paulo parte
para a região árabe, onde ele permanece durante um período de três anos
regressando então a Damasco.
2
Posteriormente,
Paulo faz uma visita de duas semanas a Jerusalém e dali ele parte mediante uma
visão para a cidade de Tarso onde permanece por cerca de dez anos. Quando
Barnabé está em Antioquia da Síria, ele vai a cidade de Tarso, a fim de
encontrar Paulo e assim eles partem para Antioquia. Ao lado de Barnabé, Paulo
parte para sua primeira viagem missionária, e a partir de então seu nome passa
a ganhar destaque nas páginas do Novo Testamento tanto no que diz respeito a
propagação do evangelho quanto a todas as demais questões relacionadas à
confirmação da fé cristã em todo o mundo.
Atos 9.15: “Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para
levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel”.
Atos 11.25: “E partiu Barnabé para Tarso, a buscar
Saulo; e, achando-o, o conduziu para Antioquia”.
Seus dados pessoais – Estudaremos, a
seguir, as origens daquele que, após Jesus, tornou-se a figura de maior
expressão do Novo Testamento. Muitos são os detalhes com respeito à pessoa de
Paulo, seu nome, onde nasceu e a grandeza da sua cidade natal.
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São informações
importantes para entender um pouco mais sobre a história desse homem tão
brilhante em sua época. Ele continua contribuindo enormemente para com a fé
cristã através de sua vida, cartas e teologia.
Após
Jesus, dois nomes são expressivos no Novo Testamento na propagação da fé
cristã. O nome de Pedro e o nome de Paulo. O nome de Pedro se mantém
proeminente até o registro do capítulo dez do livro de Atos. A partir do
capítulo onze, é o nome de Paulo que ganhará proeminência no Novo Testamento.
Seu nome aparece 22
vezes como Saulo e 50 vezes como Paulo no Novo Testamento. Além disto, das 21
epístolas registradas no Novo Testamento, 13 são de autoria de Paulo.
É inegável a
dedicação de Paulo ao Senhor Jesus Cristo, tendo ele oferecido pelo menos 33
anos de sua vida ao Senhor desde sua conversão que provavelmente ocorreu no ano
35 d.C. até o momento de sua morte que provavelmente ocorreu nos anos 68 a 70
d.C.
4
Nome – O Judeu, natural
de Israel, costumava ter o nome seguido pelo nome de seu pai, por exemplo, Jesus
filho de José (Lucas 3.23); Tiago, filho de Zebedeu (Mateus 4.21); Zacarias,
filho de Baraquias (Mateus 23.35). E, em outros textos, também é indicada a
linhagem tribal ou o seu ancestral proeminente (Mateus 15.22; Atos 13.21; Romanos
11.1). Porém todo judeu da diáspora, pelo Império Romano afora, tinha dois
nomes, um em hebraico e outro latino, ou grego também. O Apóstolo dos Gentios
era possuidor de dois nomes, “Saulos” o mesmo que Saul que significa o
“desejado”; e um nome latino “Paulus” que significa pequeno.
Segundo
o Novo Dicionário da Bíblia (Douglas),
o termo ‘Dispersão’ (em grego diáspora) denota os judeus espalhados pelo mundo
não judaico ou aos lugares nos quais passaram a residir. O Antigo Testamento
registra a dispersão do povo escolhido por ocasião da conquista do Reino do
Norte, Israel, pela Assíria e por ocasião da conquista do Reino do Sul, Judá,
pela Babilônia. Uma porção dos judeus retornou à terra prometida durante o
tempo de Ciro; porém muitos judeus permaneceram nos locais onde estavam, então
residindo.
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Segundo escreve
Douglas, com as conquistas de Alexandre o Grande, tem-se início uma nova era de
dispersão. Uma corrente cada vez mais volumosa de imigrantes judeus é observada
nos mais diversos lugares. No primeiro século d.C., Filo enumerou os judeus no
Egito como um milhão. Estrabão, o geógrafo, um pouco mais cedo, observa o
número e o estado dos judeus em Cirene, adicionando: ‘Esse povo já penetrou em
cada cidade, e não é fácil encontrar qualquer lugar do mundo habitável que não
tenha recebido gente dessa nação e onde não tenha feito seu poder sentido’
(citado por Josefo, Antiguidades, xiv. 7.2, edição de Loeb). A dispersão para o
ocidente tinha de viver no mundo grego, e um dos principais resultados disso
foi a tradução dos livros sagrados para o grego, o que conduziu a produção da
chamada Septuaginta. É neste contexto de dispersão que muitos judeus da
diáspora tinham dois nomes, um em hebraico e outro latino, ou grego também, o
que indica a influência tanto da cultura judaica quanto da cultura local onde
residiam em suas vidas. A dispersão dos judeus por diversas partes do mundo
pode ser vista claramente no relato do dia de Pentecoste, quando então é
mencionado em Atos 2.5-9 a presença de judeus em Jerusalém provenientes de
diversas partes do mundo:
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”E em Jerusalém estavam habitando judeus, homens
religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu. E, quando aquele som ocorreu,
ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua
própria língua. E todos
pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus
todos esses homens que estão falando? Como,
pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos? Partos e medos, elamitas e os que
habitam na Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Asia, e Frígia e Panfília, Egito e partes da Líbia,
junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos, Cretenses e árabes, todos nós temos
ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus”.
Local de nascimento – Oportunamente,
Saulo exibia, com muito orgulho, a sua origem natalícia em seu testemunho
pessoal (Atos 21.39). Para ele era uma glória proceder de Tarso e para um
centurião ou tribuno romano algo cobiçável, pois ser de Tarso lhe conferia
automaticamente o direito de cidadania romana por nascimento, o que era
conseguido por alguns com grande soma de dinheiro (Atos 22.27,28).
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Geograficamente, a
cidade de Tarso se localizava na Cilícia, que, nos dias de Paulo, pertencia à
Síria por ter sido anexada por meio de Roma. Tarso era um lugar de belas
paisagens, com um centro comercial muito próspero, era uma cidade portuária com
grande movimentação de mercadorias e de pessoas.
Desde o nascimento
de Paulo até o aparecimento em Jerusalém como perseguidor dos cristãos, há
pouca informação concernente à vida de Paulo. Embora fosse da tribo de
Benjamim, Paulo nasceu em Tarso como cidadão romano conforme testifica os
textos de Atos 9.11, 9.30; 21.39; 22.3:
Atos 9.11:
“E disse-lhe o
Senhor: Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de Judas
por um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando”.
Atos 9.30:
Atos 9.30:
“Sabendo-o, porém,
os irmãos, o acompanharam até Cesaréia, e o enviaram a Tarso”.
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Atos 21.39: “Mas Paulo lhe disse: Na verdade que sou um
homem judeu, cidadão de Tarso, cidade não pouco célebre na Cilícia;
rogo-te, porém, que
me permitas falar ao povo”.
Atos 22.3: “Quanto a mim, sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, e nesta cidade criado aos pés de Gamaliel, instruído conforme a verdade da lei de nossos pais, zelador de Deus, como todos vós hoje sois”.
Atos 22.3: “Quanto a mim, sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, e nesta cidade criado aos pés de Gamaliel, instruído conforme a verdade da lei de nossos pais, zelador de Deus, como todos vós hoje sois”.
O título de cidadão
romano ele obteve por nascimento, conforme ele mesmo atesta em Atos 22.27,28:
Atos 22.27,28: “E, vindo o tribuno, disse-lhe: Dize-me, és
tu romano? E ele disse: Sim. E respondeu o tribuno: Eu com grande soma de
dinheiro alcancei este direito de cidadão. Paulo disse: Mas eu o sou de
nascimento”.
Exuberância de Tarso – Por tornar-se uma
célebre cidade, nos dias de Paulo, era considerada uma cidade cosmopolita, seus
habitantes eram procedentes de vários lugares do Império. Havia ali um apego e
um entusiasmo grande com relação ao aprendizado, chegando a tal ponto que Tarso
superou Atenas e Alexandria no Egito com sua universidade.
9
Portanto era uma
cidade com forte influência grega muito ligada à filosofia, principalmente
estóica. Muitos de seus habitantes eram tecelões e faziam tendas a partir de um
tecido grosseiro fabricado com pelo de cabra e tudo indica que Paulo aprendeu
tal profissão ali.
A
cidade de Tarso é a moderna Tersous, uma cidade da planície ciliciana, banhada
pelo rio Cidno, e cerca de 16 Km para o interior, à maneira da
maioria das cidades das costas da Ásia Menor.
Tarso deve ter
abrigado uma população de não menos de meio milhão de habitantes nos tempos
romanos. Segundo o Novo Dicionário da Bíblia, a cidadania romana estendida aos
judeus de Tarso, provavelmente data do acordo firmado por Pompeu em 65-64 a.C.
Este acordo
reconstituiu a Cilicia como uma ‘esfera de dever’ e os governadores entre os
quais Cícero (51 a.C.) ficaram incumbidos da tarefa de pacificar a costa
infestada de piratas e as hinterlândias, além de proteção aos interesses
romanos.
A
escola estóica citada pelo comentarista é mencionada em Atos 17.18, quando
Paulo discursava em Atenas acerca de Jesus e da ressurreição.
10
Segundo o ND(Douglas), a escola estóica de
filosofia se derivou quanto ao nome do Stoa Poikile, o pórtico em Atenas onde
Zeno de Cítium (335-263 a.C.), começou a ensinar suas doutrinas
características.
Seu ensinamento foi
sistematizado e desenvolvido por Crísipo (280-207 a.C.). A atitude geral dos
estóicos se modificou com elementos aproveitados do platonismo, sendo que desse
estoicismo mais sincrético, Posidônio foi um dos principais expositores. Os
estóicos buscavam salvação alinhando sua vontade com a inerente razão do
universo. O homem é feliz quando não deseja que as coisas sejam diferentes do
que são; por conseguinte, que o indivíduo busque compreender claramente o ciclo
da natureza e cultivar a aceitação voluntária do mesmo. O homem deve servir seu
semelhante não impulsionado pelo amor, que fá-lo-ia sofrer [...], mas
impulsionado pelo puro reconhecimento que a vida de serviço ao próximo é a vida
natural do homem. Paulo combate os estóicos e epicureus em Atos 17.22-31 o que
indica o conhecimento que ele tinha destas filosofias, o que talvez esteja
ligado ao seu nascimento na cidade de Tarso.
11
Atos 17.18: “E alguns dos filósofos epicureus e estóicos
contendiam com ele; e uns diziam: Que quer dizer este paroleiro? E outros:
Parece que é pregador de deuses estranhos; porque lhes anunciava a Jesus e a
ressurreição”.
2. Origem familiar – A história
não nos fornece informações precisas com respeito à família de Paulo, nem se
realmente foi casado ou não, mesmo sendo ele capaz de discorrer com mestria
sobre relação conjugal. Todavia podemos facilmente compreender o valor que
Paulo dava à família. As instruções precisas e os conselhos sábios contidos na
sua correspondência às igrejas demonstram fartamente isso.
Efésios 5.22-25: “Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos
maridos, como ao Senhor; porque
o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo
ele próprio o salvador do corpo. De
sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres
sejam em tudo sujeitas a seus maridos. Vós,
maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo
se entregou por ela”.
12
Efésios 6.1-4: “Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais
no Senhor, porque isto é justo. Honra
a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa; para que te vá bem, e vivas
muito tempo sobre a terra. E
vós, pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e
admoestação do Senhor”.
Hebreu de hebreus – Apesar de não ser
mencionado o nome do pai e nem da mãe de Paulo em nenhuma parte do N.T.,
sabe-se perfeitamente que ele é de ascendência hebraica. Ora, uma coisa
importante de saber-se é que para ser considerado israelita, tem de
necessariamente ser filho de mãe judia, logo era realmente hebreu, circuncidado
ao oitavo dia (Filipenses 3.5).
Portanto, isso quer
dizer que ele era filho segundo a carne de Abraão, Isaque e Jacó, pertencente à
linhagem de Benjamim (Romanos 11.1; Filipenses 3.5). Não sabemos que
circunstâncias levaram os ancestrais de Paulo a imigrar à região da Cilícia e
instalarem-se em Tarso. Dentre as várias hipóteses que se possa
levantar, uma é a de que seria descendente de um ex-escravo que teria sido
prisioneiro de guerra, e a outra, a mais aceita, é de que sua família estaria
dentre os judeus da diáspora que moravam numa enorme colônia judaica da época.
13
De acordo com o NDB(Douglas), Jerônimo cita uma tradição
que diz que os antepassados de Paulo eram da Galiléia. Não é certo se migraram
para Tarso por razões comerciais ou se foram colonizado por um governante sírio
qualquer, mas o fato de que eram cidadãos romanos sugere que já residiam em
Tarso por algum tempo. Apesar de Paulo ter nascido em Tarso, sua ascendência
hebraica é testificada no Novo Testamento, conforme ele próprio menciona em Romanos
11.1 e Filipenses 3.5:
Romanos 11.1: “Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu
povo? De modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descendência de
Abraão, da tribo de Benjamim”.
Filipenses 3.4,5: “Ainda que também podia confiar na carne; se
algum outro cuida que pode confiar na carne, ainda mais eu: Circuncidado ao oitavo dia, da
linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui
fariseu”.
2.2 Pais – Seu pai era fariseu,
isso significa que era membro de um grupo religioso em Israel muito rigoroso
quanto à lei de Moisés e os costumes dos antepassados (Atos 23.6).
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Como vários fariseus
daquela época tinham seu próprio negócio, era possível que o pai de Paulo fosse
um homem assim também, pois pôde financiar os estudos do filho em Jerusalém, o
de natureza superior, quando este ainda era bem jovem. Como todo pai dedicado,
queria posicionar bem o filho na sociedade judaica de sua época. Não há
qualquer registro do nome do pai e da mãe de Paulo. Mas seria o menino Saulo
filho único? Claro que não, pois tinha uma irmã provavelmente mais velha – ela
morava em Jerusalém e tinha um filho jovem na época em que estava preso na
Fortaleza de Antônia. Foi esse moço, seu sobrinho, que o livrou da morte
através de informação sigilosa, de uma conspiração dos judeus para tirar-lhe a
vida durante o seu translado para Cesaréia (Atos 23.16-24).
Atos 23.6: “E Paulo, sabendo que uma parte era de
saduceus e outra de fariseus, clamou no conselho: Homens irmãos, eu sou fariseu,
filho de fariseu; no tocante à esperança e ressurreição dos mortos sou
julgado”.
Atos 26.5: “Sabendo de mim desde o princípio (se o
quiserem testificar), que, conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu”.
15
Atos 23.16,17: “E o filho da irmã de Paulo, tendo ouvido
acerca desta cilada, foi, e entrou na fortaleza, e o anunciou a Paulo. E Paulo, chamando a si um dos
centuriões, disse: Leva este jovem ao tribuno, porque tem alguma coisa que lhe
comunicar”.
De acordo com o DicVine (2006, p. 643) os fariseus e
saduceus apareceram como partidos distintos na última metade do século II a.C.,
embora representassem tendências traçáveis muito mais antigas na história
judaica, tendências que se tornaram pronunciadas depois da volta do cativeiro
na Babilônia (537 a.C.).
Os progenitores
imediatos dos dois partidos foram, respectivamente, os hassideus e os
helenizantes; estes, os antecedentes dos saduceus, visavam tirar o judaísmo de
sua estreiteza e tomar parte nas vantagens da vida e cultura gregas. Os
hassideus, ou seja, “os piedosos” eram uma sociedade de homens zelosos da
religião que agiam sob a direção dos escribas em oposição ao partido
helenizante irreligioso; eles tinham escrúpulos em se opor ao sumo sacerdote legítimo
mesmo quando ele estava no lado grego.
16
Portanto, os
helenizantes eram uma seita política, ao passo que os hassideus, cujo princípio
fundamental era a completa separação dos elementos não judaicos, eram o partido
estritamente legal, entre os judeus, e, em última instância, o partido mais
popular e influente. Conforme descrito acima, Paulo era fariseu e de acordo com
Atos 23.6 seu pai também pertencia ao partido dos fariseus. Com relação a
outros da família de Paulo, o texto de Atos 23.16,17 relata a presença de um
filho da irmã de Paulo que tem acesso à fortaleza onde Paulo encontrava-se
preso em Jerusalém, fato este que indica uma posição proeminente da família em
Jerusalém.
Outros parentes – Na Carta de Paulo
ao Romanos, capítulo 16, nas saudações finais; dentre as 36 pessoas
mencionadas, três são apontadas como parentes seus quando diz, “Saúda Andrônico
e Júnias, meus parentes” (v. 7); e em seguida, escreve: “Saudai meu parente
Herodião” (v. 11). Daí se conclui que, além de ter parentes, eles eram fiéis
que pertenciam à Igreja que estava em Roma. Cremos que, a partir da sua
conversão, muitos vieram a se converter depois, ainda que não tenha sido
resultado de seu trabalho direto, pois o cristianismo se espalhou no mundo
antigo chegando também a Roma rapidamente.
17
Josué 24.15: “Porém, se vos parece mal aos vossos olhos
servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais; se aos deuses a quem serviram
vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra
habitais; porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor”.
Atos 16.31: “E eles disseram: Crê no Senhor Jesus Cristo
e serás salvo, tu e a tua casa”.
Cultura e
personalidade – Sabemos que Paulo
estava bem posicionado em sua época, até porque isso lhe garantiria livre
trânsito por todo Império Romano. Se Paulo vivesse nossos dias, com certeza
procuraria estar na dianteira, não por uma questão de ostentação, mas pelo
rápido deslocamento, livre acesso a todos os lugares possíveis até por uma
questão de segurança em tempos de perseguição. Que bom seria ver os obreiros de
nossas igrejas buscando tal melhora e aperfeiçoamento.
Paulo
era um homem de amplo conhecimento em todas as áreas e isto muito contribuiu
para a propagação da fé cristã. O Novo Testamento ordena que os cristãos cresçam
em graça e em conhecimento,
18
porém, muitos desprezam
a busca de conhecimentos o que acaba contribuindo para a destruição da fé
cristã. Que o exemplo de Paulo possa vir a ser algo a ser imitado nas igrejas
dos dias atuais.
Isaias 50.4: “O Senhor Deus me deu uma língua erudita,
para que eu saiba dizer a seu tempo uma boa palavra ao que está cansado. Ele
desperta-me todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que ouça, como aqueles
que aprendem”.
Deuteronômio 12.3: “Os que forem sábios, pois, resplandecerão
como o fulgor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça, como as
estrelas sempre e eternamente”.
2 Timóteo 4.13: “Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e
os livros, principalmente os pergaminhos”.
2 Corintios 11.5,6: “Porque penso que em nada fui inferior aos
mais excelentes apóstolos. E,
se sou rude na palavra, não o sou contudo na ciência; mas já em todas as coisas
nos temos feito conhecer totalmente entre vós”.
19
Cultura judaica e
grega – Quando Paulo era
pequeno em Tarso, como toda criança judia, ia à escola que ficava ao lado da
sinagoga. Aos cinco anos, iniciava seu aprendizado elementar sobre a lei de
Moisés baseado em Deuteronômio, e estudava também os Salmos (113 a 118),
nos anos subseqüentes, estudava a história de Israel e, entre outros estudos,
aos doze anos, tinha que aprender aos pés de um rabino, uma série de preceitos
orais e divinos, essa fase pode ter acontecido tanto em Tarso quanto em
Jerusalém, pois ele se mudou para lá, ainda bem novo, como ele mesmo chegou a
dizer em Atos 22.3. “Mas criei-me nesta cidade (Jerusalém)”. Posteriormente
Paulo fez o seu curso superior aos pés de Gamaliel, renomado mestre da sua
época como ele mesmo testemunhou: “aqui fui instruído aos pés de Gamaliel”.
Paulo é reconhecidamente o homem mais culto dentre os apóstolos. Mas isso não
aconteceu por acaso, seus pais investiram em sua instrução.
Os textos de Atos
22.3 “Quanto a mim, sou judeu,
nascido em Tarso da Cilícia, e nesta cidade criado aos pés de Gamaliel,
instruído conforme a verdade da lei de nossos pais, zelador de Deus, como todos
vós hoje sois”
20
e Atos 26.4 “Quanto à minha vida, desde a mocidade, como
decorreu desde o princípio entre os da minha nação, em Jerusalém, todos os
judeus a conhecem” relatam a educação que Paulo recebeu em
Jerusalém, tendo ele sido aluno de Gamaliel.
De acordo com o NDB (Douglas), Gamaliel era filho de Simão
e neto de Hilel. Era doutor da lei e membro do Sinédrio. Ele representava a
facção liberal dos fariseus, a escola de Hilel, em contraposição à Escola de
Samai. O fato de Paulo ter nascido em Tarso e posteriormente ter sido educado
na cidade de Jerusalém são indicativos da influência que ele recebeu tanto do
pensamento grego quanto do pensamento judaico o que vem a contribuir para o
desenvolvimento do pensamento paulino no que se refere por exemplo a doutrina
da salvação, da justificação pela fé, da ressurreição dos mortos, da volta de
Jesus, dentre tantos outros assuntos apresentado por ele ao longo de todas as
suas cartas.
Evidência de amplos
conhecimentos – O mundo antigo
estava sob o domínio romano, mas impregnado da cultura grega. Assim, ser bem
sucedido e ter “status” social era de vital importância naquela época.
21
No currículo de
Paulo, constavam idioma grego, filosofia, história e lendas. Basta olharmos
para suas cartas e veremos citações gregas e pensamentos filosóficos comuns,
sua viagem a Atenas e seu discurso no areópago para eliminar quaisquer dúvidas
sobre a sua vasta cultura postas a serviço do reino de Deus após sua conversão.
Outra coisa digna de nota é que Paulo, ao escrever a “Carta aos Romanos”, o
maior tratado acerca da salvação, fé-lo em tom jurídico, pois o direito
fascinava os romanos.
Conforme
já considerado Paulo era um homem de elevado conhecimento o que muito
contribuiu para a propagação da fé cristã. Seu elevado conhecimento, porém não
suplantou aquilo que ele passou, a partir de sua conversão, a considerar como
ponto de maior importância em sua vida, a excelência do conhecimento de Cristo
Jesus, conforme ele próprio declara em Filipenses 3.7,8:“Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por
perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu
Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como
escória, para que possa ganhar a Cristo”.
22
Personalidade de
Paulo – Paulo era uma
pessoa decidida, com conceitos firmes e de muita atitude. Tinha um temperamento
voltado para a liderança, nasceu para o comando e sabia desenvolver uma equipe
de voluntários num trabalho árduo e sem recompensa financeira. Era uma pessoa
capaz de despertar profundo amor e ódio nas pessoas, por ser ele um homem
verdadeiro, muito trabalhador e cheio de zelo e de docilidade ao mesmo tempo.
Tal foi o apóstolo, que, por mais que se fale a seu respeito, ainda é pouco.
Porém o que sabemos a seu respeito é o suficiente para o seguirmos e o
imitarmos como ele mesmo disse: “sede meus imitadores, como eu sou também de
Cristo” (1 Corintios 11.1; Filipenses 3.17; 1 Tessalonicenses 1.6; 2.14; 2 Tessalonicenses
3.7,9; Hebreus 6.12).
O
texto de Atos 13.1 relata a presença de Paulo na igreja de Antioquia estando
ele já listado entre os profetas e doutores ali presentes. Na listagem apresentada
seu nome aparece por último e na primeira viagem missionária seu nome
inicialmente é sempre referido após o nome de Barnabé. Não obstante, o nome de
Paulo passa a figurar a partir de Atos 13.43 à frente do nome de Barnabé, o que
indica a capacidade de liderança na personalidade de Paulo.
23
Paulo dedicou-se
totalmente ao Senhor Jesus e o que se percebe ao longo de sua carreira é que em
todas as situações, sejam elas financeiras, emocionais, religiosas, físicas ou
espirituais, ele sempre soube se posicionar, de modo que, em nada viesse a
causar escândalo entre os judeus, gentios ou à igreja de Deus para que em tudo
o nome de Jesus fosse glorificado através de sua vida.
Atos 13.1: “E na igreja que estava em Antioquia havia
alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio,
cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo”.
2 Corintios 6.3-10:
“Não dando nós escândalo em coisa
alguma, para que o nosso ministério não seja censurado; antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em
tudo; na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos
tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no
Espírito Santo, no amor não fingido, na
palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, à direita e à
esquerda, por honra e por
desonra, por infâmia e por boa fama;
24
como enganadores, e
sendo verdadeiros; como
desconhecidos, mas sendo bem conhecidos; como morrendo, e eis que vivemos; como
castigados, e não mortos; como
contristados, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como
nada tendo, e possuindo tudo”.
2 Corintios 11.7-9: “Pequei, porventura, humilhando-me a mim
mesmo, para que vós fôsseis exaltados, porque de graça vos anunciei o evangelho
de Deus? Outras igrejas
despojei eu para vos servir, recebendo delas salário; e quando estava presente
convosco, e tinha necessidade, a ninguém fui pesado. Porque os irmãos que vieram da Macedônia supriram a minha
necessidade; e em tudo me guardei de vos ser pesado, e ainda me guardarei”.
Irmão messias
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