(Poema
Único)
Alar-me-ei
e sobre as chamas
Sobrevoarei os céus
ilhas e desertos
que acenam-me
desde a mais baixa terra
ao pico do mais alto monte
De lá - ví cá
as poluições da Fonte
que devia ser eterna
mais não é
E como um condor
alo-me mais e mais
temo tocar o fêbo
e provocar a ira de Deus
Malditas as confissões que
afirmam o que não sabem
nem tudo no céu
é terno e doce
como os profetas dizem
Lá e cá
são interligados a tudo
até mesmo a mim
que sem vida
sou simplesmente nada
além da terra que sou
O tempo
se apresenta nas pedras
e eu escavoco o chão pra vê-lo
- tento me encontrar no berço
por onde os mares dormiram
- Mais tem sido em vão
Só os vernes se alimentam do pó
mesmo assim
necessitam de vida
inda que seja arrancada do lodo como
faz a serpente
De todas as nações
só se ouve o gemido da terra
lágrimas e clamores indecifráveis
sangue que se confunde
nos registros da morte fatalidade
sem óbito correto
E isto - é o fim de um
e o princípio de outro
É a liberdade se algemando
na sua própria mansão
assim como o santo
à sua inevitável cruz
Pairo sobre os mares
e vejo em cada kenio
erros e acertos
em acirrada disputa de licitação
Lá estão os corais parindo vidas
no terno leito
da maternidade eterna
sem imaginarem
que a qualquer momento
as tetônicas poderão liquidá-las
Assim como eu
muitos outros cantam
esse mesmo lamento
só lamento não saberem
a densidade dos corpos
Sou um aquário
desprovido de alevinos
e como um peixe sem aquário
me revezo na imensidão dos povos
- Segredo que a massa não revela
mas sente no seu passo a passo
Espaço
desgastado e triste
no silêncio de cada giro
- Obra bilenária
que a matemática desconhece
É como se a chama
se escondesse nas profundezas
por obediência e fé
aguardando o momento
para a cremação final.
Pelas nossas mãos
passam as espadas e as suas dores
espinhos e lágrimas
escorrem por entre nossos dedos
e em cada olhar se desenha uma rosa
sem pétalas
e sem perfume de flores
Dentre todas as montanhas
só a do sermão se eternizou
muitos homens viveram
sem medir o limite
e nem todos
foram para as escrituras
Mas a minha passagem
é longa
e o infinito
me leva muito além
Sou rígido - tanto quanto a rocha
sobrevivo a tempestade dos tempos
embora tragando o fumo
cuspido pelos velhos vulcões
cinzas que viraram pó
coisas que não tem nada aver
Suspenso no ar
contemplo o tempo
e vejo as nuvens passando - solenemente
sobre a muralha chinesa
- Como se elas carregassem
do meu próprio estômago
todos os dragões
que me cuspiram fogo
E lá se foi
a metade dos meus propósitos
- Uns chegam e saem
trazendo e levando
diversas informações
que só uma grande amizade
é capaz de recambiá-las
Agradeço ao Senhor dos exércitos
pela minha república
e a liberdade do meu espaço
sinto-me senhor dos meus erros
e escravo ou servo Dele mesmo
- mas sempre esperando
que o primeiro Senhor
faça-me reverter as inocências
porque ser aquariano
é ser lícito.
Poeta: Manoel Messias Santos ‘o pensador’
Nota
do AUTOR: Infernos.
MITOLOGIA
Local subterrâneo,
habitado pelos mortos (tb. us. no pl.).
.
RELIGIÃO
Para os cristãos, lugar em que as almas pecadoras
se encontram após a
morte,
pra
serem submetidas às penas eternas.