segunda-feira, 31 de agosto de 2015


"CREDE NOS SEUS PROFETAS, E PROSPERAREIS"


“[...] crede nos seus profetas, e prosperareis” 
(2 Crônicas. 20:20)

Este versículo, infelizmente, é o versículo chave, o texto áureo, na boca dos propaladores da Teologia da Prosperidade. Veja, por exemplo, aquiaqui e aqui.
Inventa-se uma campanha e lá está o versículo como base teológica.

O que me preocupa é que ele é tomado somente para campanhas financeiras, ou seja, faltou dinheiro, ou o caixa está em baixa, o versículo é o princípio, é a chave do lucro. Precisa-se dinheiro, lá está o versículo; não está dando para pagar os compromissos (supostamente da obra do Senhor) inventa-se o tipo de campanha que quer – pode ser em reais ou dólar, pode-se usar a numerologia – e lá está o versículo. E assim vai.

Interessante também é que a oferta é para abençoar quem dá. Veja a generosidade: ela não vai abençoar o ‘profeta’; mas é o ‘profeta’ que, obedecendo a Deus, está abrindo uma porta para abençoar eu, você e todos aqueles que caírem na lábia dos falsos profetas.

É o versículo preferido para fazer o povo dar ‘generosamente’; lamentavelmente, infelizmente, vergonhosamente, tem se tornado o versículo da barganha. Nele temos a palavra prosperareis, e veio na medida, pois tem caido como luva em mão de noiva, para apoiar a Teologia da Prosperidade, e enriquecer os proponentes dela. E infelizmente o povo é enganado, ludibriado, negociado, e continua no erro de dar ouvidos a estes profetas. Pois se os falsos profetas prosperam, é porque o povo ouve e pratica suas mentiras (Ez. 13:19); dá ouvido às suas falácias; alimenta suas insaciáveis contas bancárias; não confere as coisas com a Palavra da Verdade; eles pedem um jatinho para ‘evangelizar’, fazem uma declaração profética e lá está o povo, dando o suor, indo às lágrimas para alimentar suas luxúrias, e corroborar a Teologia da Prosperidade (2 Pe. 2:14).
Analisando a passagem que envolve 2 Crônicas 20:20 não encontrei, em nenhum momento, que o povo teve grandes vitórias financeiras; tornou-se rico de um momento para o outro; sendo assim, não encontro qualquer apoio, que o versículo em questão, venha dar para a Teologia da Prosperidade,

ou para qualquer campanha financeira, material, econômica. O versículo em questão tem que ser lido no seu contexto. Desde o capítulo 19. Pois lendo somente ele, poderemos fazer o que bem quisermos, mas lendo o contexto imediato, veremos que o que os profetas falaram, foi a verdadeira orientação do Senhor para uma batalha específica.

Vejamos:

Jeosafá era rei de Judá nesta época, e conseguiu deixar Jerusalém em paz (2 Crônicas. 19:1);
Fez com que o povo se voltasse para o Senhor (2 Crônicas 17:9; e 19:4);

Estabeleceu juízes com as seguintes características espirituais e morais: deviam andar no temor do Senhor, ser fieis, e ser íntegros de coração (2 Crônicas  19: 9)   no entanto, não vemos nenhuma exigência de que deveriam ter fortunas como prova de que eram verdadeiros profetas de Deus;
Estes juízes deviam julgar com justiça, com equidade
(2 Crônicas  19: 10);
Deviam esforçar-se, e o Senhor abençoaria os bons
(2 Crônicas  19: 11).
Até aqui não vi nenhuma referência à prosperidade financeira.

Seguimos em frente.
Num momento, os filhos de Moabe e Amom, resolveram vir à peleja contra Jeosafá. Vieram apressadamente, e em multidão, o que sabendo Jeosafá, temeu                            (2 crônicas  20: 1 - 2);
Jeosafá, sabiamente, foi humilhar-se aos pés do Senhor, e juntamente com ele, todo o povo (2 Crônicas  20: 1 – 5 , 13).  
Humilhando-se reconheceram: a soberania de Deus (2 Crônicas  20: 6); lembraram da promessa de Deus feita a Abraão (2 Crônicas 20:7,8); lembraram que a casa do Senhor é um lugar em que se deve clamar, humilhado aos pés do Senhor (2 Crônicas 20:9); reconheceram, diante do Senhor, que não tinham força e nem sabedoria para enfrentar o exército inimigo, mas estavam confiantes no Senhor (2 Crônicas 20:12);
A resposta do Senhor: não temer, pois era ao Senhor que lutaria (2 Crônicas 20:15,17);
Diante da resposta eles adoraram, rejubilaram diante do Senhor (2 Crônicas 20:18,19);
Quando saíram à peleja, foram orientados por Jeosafá, a ouvirem as orientações dos profetas com relação à peleja. Jeosafá diz: “Crede no Senhor vosso Deus, e estareis seguros” e depois ele diz “crede nos seus profetas, e prosperareis” (2 Crônicas 20:20). A confiança deveria estar primeiramente em Deus; e deveriam crer nos profetas, porque eles falariam ao povo a devida orientação do Senhor, para a referida peleja.

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Mas o quê que os profetas falaram que eles deveriam crer?

Os profetas falaram para eles louvarem ao Senhor diante do esplendor de Sua santidade, dizendo:                                                                               “Rendei graças ao Senhor, pois o seu amor dura para sempre”               (2 Crônicas 20:21).
Diante disto, o Senhor respondeu com vitória, colocando embaraços diante do exército inimigo (2 Crônicas 20:22-24); a vitória foi tão grande e estrondosa que o lugar ficou conhecido como Vale de Beraca, ou seja, o Vale da Bênção.

É bem diferente do que estamos ouvindo dos profetas da prosperidade dos dias de hoje. Pois se evidencia o ‘eu’, e não o Senhor; a bênção está antes do Senhor. A ênfase financeira está tão impregnada em púlpitos que ouvi um pastor dizer: “a única coisa que repreende o devorador, para crente e não crente, é o dízimo”. Recentemente ouvi um destes profetas da prosperidade. Dizia ele: “será que Deus já fez promessa à você, e esta promessa não foi ainda cumprida?

Se você responde com honestidade: Sim! Deus tem feito promessas para mim, mas elas nunca foram cumpridas. Ouça a voz de Deus agora:

Se você for ao telefone, e fizer este compromisso, para semear, e você disser: Deus, eu quero dar um passo na minha unção financeira dos últimos dias.  Eu te prometo, antes de chegar o dia primeiro de janeiro, este é o momento de Ele cumprir toda a profecia, toda a promessa, que Ele já fez sobre a tua vida”. Será que precisamos de uma nova unção (já que eu não achei unção financeira em toda a minha Bíblia) para Deus cumprir as suas promessas sobre a minha ou a tua vida? Deus precisa de uma ajudinha? Deus precisa de novas teologias, de um novo profeta, de novas unções? Categoricamente digo NÃO. Deus é soberano e faz as coisas como Ele quer.
Estes profetas se contradizem; em algumas pregações tenho visto muitos tele evangelistas e tele pregadores, pregarem, biblicamente, contra a Teologia da Prosperidade, porém hoje, vejo que muitos deles já trocaram de lado, ou seja, estão apoiando o que antes, biblicamente, condenavam. A medida que vejo estes acontecimentos, olho para o que Jesus falou: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vem até vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores... ,pelos seus frutos os conhecereis” 
(Mateus. 7:15,16).
Às vezes o fruto leva tempo para aparecer, mas a verdade é, que um dia ele aparece.
Jeosafá e todo Judá prosperaram, mas confiados, primeiramente no Senhor (2 Crônicas 17: 1, 19).

Os profetas não inventaram campanha, não mudaram os planos do Senhor, não inovaram, mas unicamente, obedeceram ao Senhor, e orientaram o povo à obediência ao Senhor. Daí a vitória foi certa e esmagadora.
Após a vitória, os louvores continuaram, pois a alegria, no Senhor, era muitíssima (2 Crônicas 20: 25, 30).
Tomamos cuidado com estes que usam um versículo aqui, outro ali, para apoiar suas campanhas, seus projetos de enriquecimento. São pastores que tiram, sem misericórdia, a lã das ovelhas; apascentam-se a si mesmos, e não apascentam as ovelhas (Ezequiel 34: 3).
O indouto Pedro, porém servo e Apóstolo de Jesus Cristo nos advertiu: “Mas houve também falsos profetas, como entre vós haverá falsos mestres [...] por ganância farão de vós negócio, com palavras fingidas” (2 Pedro 2: 1, 3).

A palavra ganância quer dizer apetite insaciável, e a palavra negócio tem o sentido de viajar como mercador, viajar a negócios, merciar, explorar, lucrar.



Irmão messias
Fonte: R. V.