Lá estava o Jorge
abaixo da lua
mas sempre esperando ter um lugar ao sol
ele já se manifestava com a segurança
de um príncipe
mas a massa presidiária
ainda não era toda sua
Mesmo assim
a mandou que falasse em seu nome
e o jovem falou
- Bifurquem-se os reis mortos
tais como os reinos eram outrora
Levantem-se - hinos antigos
e os brasões dos nobres
façam dobrar os seus clarins
e despertem os seus arredores
Reavivem os seus povos
lá fora
vassalos e servos
ergam-se bem junto ao Conde
e vamos reassumir o condado
porque em breve
na verdade pretendo refazer as leis
E os hábitos renascerão
cada um terá a sua própria língua
de sábio
e o seu painel de luxo
conforme a exigência do seu futuro
Quem quiser ser um rei transeunte
que seja
mas veja o que vai pensar ou fazer
porque o tempo é curto
E jamais esqueçam quem quer que seja
que hoje vos governo e ordeno
como imperador antigo
mas amanhã
serei como qualquer magestade
Agora adepois de amanhã
nem sei se posso sentar-me no mesmo sólio
que por ventura foi meu
mas mesmo assim não esqueçam
que aí bem perto
estão os marqueses
os duques e os barões
Preparem-se para demolí-los
antes de nos reverenciarem
porque enquanto eles nos honram
as suas falsidades nos transferem ao retorno
Enquanto vos ordeno
não queiram de forma alguma descançar
espero que todos se voltem
e se acampem nos seus devidos lugares
Todas as jurisdições que se reanimem
porque quaisquer que sejam os agravos
de modo algum
queremos recebê-los
Detalhes por detalhes
que se refaçam agora
nesse instante sou o supremo de tudo
e o meu presente é reconstituir o passado
Nunca se descuidem dos gestos
vamos em cada momento
fonografando as cenas
mudando apenas o colorido
para preto e branco
Agora a visão de tudo
nós temos que artísticamente colorir
e não quero que nada falte
por menor que seja o seu esmalte
Tempo e hora
são muito importantes para o seu espaço
e que mesmo sendo inanimado ou vivo
qualquer existência é matéria
Mesmo que às vezes
nem tenha tido uma devida forma
mas se tal
ousou ser inexistente à isso
essa mesma propriedade eu exijo agora
Que o pó se apuére e volte aos seus corpos
emboras que inexistentes no além passado
Os reis e os nobres
há mais dois mil anos
não deveriam mais existir
mas por isso mesmo
todos devem se defender dos seus fantasmas
Cada um deles
é como se tenha apenas
o valor de um pardal chinês
biològicamente nenhuma falta fará
Não tema
porque o próprio sistema
vive imitando o charme da justiça
portanto só o seguro faz diferença
Quanto a minha ordem
não temam a minha voz
porque nenhum outro imperador
os importunará perante o meu trono
Energizem-se com o mesmo vigor
que outrora tiveram
e vamos ao campo sem desmerecer a terra
joguem as suas sortes para os tribunais
Não esqueçam Daví
quero que Judá cante os nossos salmos
rumo à capital da injustiça
pondo por terra
todos os males que se fizeram muros
Descampinem-se as tribunas de Jericó
e se alguns se oporem as vossas vozes
façam-lhes:
como já lhes fizeram no passado
E assim se separem todos os reinos
para que melhor se saiba
de suas histórias
verdades que nunca foram esclarecidas
... ou justiças
atualmente seladas
no silêncio da terra
aonde jamais os sem terra vão usufruí-las
Manoel Messias Santos o pensador