AQUARIANO SOBRE OS INFERNOS
Poema
Único -
Manoel Messias Santos
Alar-me-ei,
e sobre as chamas sobrevoei os céus,
ilhas e desertos me acenaram,
desde a mais baixa terra,
até o pico do mais alto monte.
De lá vislumbrei,
claramente
as agruras de cá,
as poluições da fonte,
que devia ser eterna;
mais não é.
E como o condor,
alei-me novamente, mais e mais!
Temi tocar o fêbo,
e provocar a ira de Deus.
E minha língua maldisse
as
confissões que afirmam,
aquilo
que não sabem.
Pois nem tudo no céu,
é terno e doce,
como dizem os filósofos
da
perversão.
Lá e cá são interligados a tudo,
e a todos, até mesmo a mim,
que sem vida!
Sou simplesmente nada,
além do pó, a terra que sou.
O tempo
se apresenta nas pedras,
e eu escavoco o chão,
tento me encontrar no berço,
por onde os mares dormiram;
mas tem sido em vão.
Só os vermes se alimentam do pó,
mais mesmo assim,
necessitam de vida,
inda que seja arrancada do lodo.
De todas as nações
se ouve os gemidos da terra,
lágrimas e clamores indecifráveis,
sangue que se confunde
nos registros da morte.
É o fim de um, o princípio de outro;
isto, é a liberdade se algemando
na sua própria mansão!
Assim como o santo,
à sua inevitável cruz.
E ainda como Condor,
pairo sobre os mares
e vejo em cada quênio,
erros e acertos,
em acirrada disputa de licitação.
Lá estão os corais, parindo vidas
no terno leito,
da maternidade eterna;
sem imaginarem
que a qualquer momento,
as tetônicas, poderão liquidá-los.
Assim como eu,
muitos outros cantam
esse mesmo lamento,
e só lamento não saberem
a densidade dos corpos.
Sou aquariano, um aquário
desprovido de peixes,
e como um peixe sem aquário;
revezo-me na imensidão dos povos.
Segredo que a massa não revela,
mas sente no seu passo a passo...
Espaço, desgastado e triste,
no silêncio de cada giro.
Obra bilenária e de valor indefinível,
que a matemática desconhece.
É como se a chama,
se escondesse nas profundezas,
por obediência e fé;
aguardando o momento,
para a cremação final.
mmsopensador
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