Como dois sabonetes
brilhavam seus olhos
na madrugada de outubro
todos em sí
se alegravam alí
menos o sorriso aniversariante
Que
nem com a dança
da valsa inesquecível
foi possível
reter a sua lembrança num olhar distante
Ó pensamento esnobe
por que procuras o momento incerto
para relembrar alguém
de alguém
que um dia tão perto
seria o ideal para estar alí
E quem sabe se não estava em redor
tentando cicatrizar a ferida
que um dia a procurou para o peito
sem saber que a sua dor
explodiria tanto quanto
um pranto
a nitroglicerina
E a dançarina - ainda inibida
descontraindo-se forjava um sorriso
trínico de criança triste
que mesmo estando em seu baile
e de branco
parecia bailando sòzinha
no meio da multidão da festa
Era a solidão - machucando o peito
e a alma da sua própria inocência
cuja alegria
era pesarosamente dolosa
como se tudo presente
fosse um vazio paterno
que jamais preenchiria
a dança daquela valsa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário